Quando exploramos a #sustentabilidade, é evidente que a competência técnica desempenha um papel crucial. No entanto, ao examinar as demandas das empresas na área, notamos que cerca de 70% delas buscam predominantemente competências comportamentais, também conhecidas como #SoftSkills. Essa tendência não se limita à sustentabilidade, sendo uma constante em diversas áreas.
Na Denpec, ao auxiliar profissionais em transição para a sustentabilidade, percebo uma demanda crescente por habilidades comportamentais, especialmente em comunicação e liderança. Contudo, a pergunta que surge é se apenas essas competências são suficientes. Minha experiência como executiva e educadora revelou que os profissionais de destaque compartilham Soft Skills bem desenvolvidas, como liderança, trabalho em equipe, comunicação eficaz em diferentes níveis e com diversas empresas, capacidade de networking, autoanálise e responsividade, além da competência técnica.
As Soft Skills são tão cruciais que deveriam ser cultivadas desde o início da educação, uma ideia reforçada pelos 6.528 volumes sobre Soft Skills publicados até 2020 pela editora Routledge. Maria-Teresa Lepeley, especialista em Soft Skills para a sustentabilidade, destaca que essas competências são a linguagem operacional para a Gestão do Capital Humano (HCM), agilizando as comunicações em grau superior às habilidades técnicas.
As habilidades técnicas (Hard Skills) são específicas para campos e tarefas, enquanto as competências comportamentais transcendem organizações, indústrias e nações, sendo altamente demandadas na força de trabalho. O relatório do Fórum Econômico Mundial, o Futuro do Emprego, destaca a crescente necessidade de habilidades interpessoais e de liderança, fundamentais para profissionais de sustentabilidade e outras carreiras até 2025.
No século XXI, em um mundo global VUCA, a letargia é inaceitável. A professora Rebecca M. Henderson de Harvard ressalta que manter o status quo pode levar à entropia, especialmente diante das crises que se tornaram norma. As mudanças climáticas e os impactos ambientais exigem uma abordagem diferente para garantir a continuidade da sociedade.
Felizmente, neste cenário desafiador, as Soft Skills ganham destaque sobre habilidades técnicas e cognitivas, oferecendo uma linguagem comum e formas eficazes de comunicação. O futuro da força de trabalho exigirá não apenas pensamento analítico, criatividade e flexibilidade, mas também habilidades de auto gerenciamento, resiliência, tolerância ao estresse e flexibilidade.
Competências para a Sustentabilidade - Uma Atualização Competências Técnicas (Hard Skills):
Implementar práticas sustentáveis requer compreensão da ciência ambiental, mudanças climáticas, questões sociais específicas do setor, aspectos jurídicos, financeiros e até mesmo contábeis.
Auditorias de sustentabilidade devem abordar diversos aspectos, como felicidade e qualidade de vida dos funcionários, emissões de carbono, resíduos, voluntariado e valores morais.
Apesar de não ser uma área nova, apenas recentemente se tem dado a devida atenção. Isso faz com que as competências técnicas estejam em constante evolução, obrigando os profissionais dessa área a uma atualização permanente.
Competências Comportamentais (Soft Skills):
Jeniffer Wills, da Virginia Tech e especialista em Soft Skills para a sustentabilidade, interpreta o artigo de Harvard “7 habilidades que não estão prestes a ser automatizadas” e faz contribuções sobre a aplicação das Soft Skills no mundo da sustentabilidade:
Comunicação persuasiva: com o uso de storytelling. A comunicação é a habilidade fundamental para os profissionais de sustentabilidade.
Conteúdo, experiência e compreensão sobre um determinado tópico: embora não seja uma habilidade interpessoal, os profissionais de sustentabilidade devem ter pelo menos uma área de especialização, seja a “sustentabilidade” em si ou um aspecto específico da sustentabilidade, como economia circular, análise do ciclo de vida, relatórios ou alguma outra especialidade da área.
Contexto e capacidade de modificar sua apresentação com base em seu público.
Competência emocional: compreender as emoções de seus pares e partes interessadas sobre uma determinada situação.
Ensino (formação): compreender as lacunas de habilidades e conhecimentos das pessoas em sua organização e como esses indivíduos se relacionam com as necessidades da organização.
Network: Ser capaz de acessar uma vasta rede de pessoas.
Valores morais fortes: ter valores morais e éticos fortes é essencial para nós como seres humanos. Para o profissional de sustentabilidade é importante porque ao longo da carreira, muitas vezes, é necessário realizar julgamentos e ter esses valores para recorrer no momento da tomada de decisão.
Além disso, habilidades transculturais, mentalidade global, e pensamento estratégico são fundamentais.
Virginia Cinquemani, mentora italiana erradicada na Inglaterra e com formação em arquitetura, outra especialista no assunto, elenca as Top 4 soft skills para os profissionais de sustentabilidade:
Comunicação (ouvir e falar)
Vendas (que implica em assertividade, influência e storytelling)
Gestão de Projetos e Pessoas
Resiliência
Em uma matéria recente junto à especialistas da área de ESG, a Forbes apresentou oito competências que os profissionais da área devem ter:
Curiosidade: saber o que acontece em todos os setores e esferas e acompanhar o que as principais organizações estão discutindo a respeito de meio ambiente e direitos humanos.
Ouvir especialistas: buscar ajuda de especialistas para tirar dúvidas, encontrar soluções e viabilidades para os possíveis projetos, e estreitar relações com eles.
Espírito participativo e colaborativo.
Capacidade analítica: capaz de compreender os acontecimentos e elaborar estratégias coerentes. Isso exige que o profissional saiba onde buscar dados para fazer análises e criar indicadores que o ajudem a reconhecer se aquilo que uma empresa está construindo está indo na direção certa, além de garantir que suas ações de viés ambiental e social sejam eficientes e assertivas.
Atitudes construtivas e transformadoras: Não basta apenas reconhecer riscos e oportunidades em projetos de sustentabilidade, é preciso ser uma pessoa de iniciativa e capaz de gerar transformações nas comunidades, seja uma mudança de curto ou longo prazo.
Liderança: Além de sobreviver a impactos econômicos, as empresas precisam se antecipar e mudar suas abordagens conforme o mercado e as culturas.
Conhecimento tecnológico: ter amplo conhecimento de ferramentas tecnológicas que possam ser aliadas em pautas sociais, ambientais e de governança.
Capacitação constante: para aprofundar o conhecimento sobre sustentabilidade, impacto social e governança, além de destacar tendências que afetam o mundo dos negócios e caminhos para o desenvolvimento de carreira que gerem impacto, busque estar sempre atualizado.
Finalmente, Lepeley chama a atenção para duas Master Skills para a Gestão do Capital Humano: Resiliência e Agilidade. Segundo ela, estas são duas dimensões complementares em organizações apoiadas por pesquisas substanciais para alcançar melhoria contínua, padrões de qualidade, alto desempenho e sustentabilidade a longo prazo no ambiente global VUCA. Embora a Resiliência esteja associada à estrutura de estabilização organizacional, a Agilidade é relevante para estratégias organizacionais sustentáveis. Resiliência e agilidade são características organizacionais tácitas ativadas pelas pessoas. De acordo com ela:
Resiliência: a capacidade de se tornar forte, saudável e bem-sucedido depois que algo ruim aconteceu. É a capacidade de se recuperar rapidamente de dificuldades, problemas, restrições e interrupções inevitáveis com força de vontade, determinação, empoderamento e resistência para melhorar continuamente. A resiliência é uma característica de estruturas organizacionais de alto desempenho.
Agilidade: a capacidade de mover e mudar de direção rapidamente com coordenação, equilíbrio e velocidade, otimizando respostas para mudanças de situações. A agilidade é uma função de imaginação, criatividade e coragem para empreender riscos calculados, de forma a avançar da condição atual para uma situação melhor. A agilidade é essencial na melhoria contínua e na inovação. A agilidade é uma característica de estratégias organizacionais altamente competitivas.
Assim como as Hard Skills, as Soft Skills estão em constante evolução. São adaptações necessárias para atender às demandas emergentes, promovendo o bem-estar e a competitividade organizacional.
Conclusão: Não há fórmulas mágicas, mas ao cultivar essas competências dinâmicas, os profissionais da sustentabilidade podem não apenas se destacar, mas também impulsionar mudanças significativas em direção a um futuro mais sustentável.
Muito bom!
Não tinha ideia das sutilezas que envolvem a importância das soft skills para a sustentabilidade. Este artigo foi muito esclarecedor. Vou compartilhar.